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SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
ST 01
A construção da classe operária - o pós-abolição e a grande imigração (final do XIX e início do XX)
Ismênia de Lima Martins (Universidade Federal Fluminense)
Paulo Cruz Terra (Univesridade Federal Fluminense)
O presente Simpósio Temático pretende abordar um momento específico do processo de formação da classe operária no Brasil, propriamente o final do século XIX e início do XX, que compreende tanto a Abolição da escravidão, e o pós-Abolição, quanto à Grande Imigração. Apesar de reconhecer que esse processo não se inicia nem termina aqui, entendemos que ele tem sido amplamente revisitado e debatido pela historiografia.
A historiografia do trabalho brasileira vem chamando a atenção, com mais ênfase a partir do final da década de 1990, que a análise do processo de formação da classe deve levar em conta não só o trabalhador branco, geralmente de origem estrangeira, mas também para o trabalhador negro. Muitos estudos têm apontado para as relações, eivadas de conflitos e solidariedades, nos diversos espaços de trabalho e convivência entre trabalhadores de diferentes etnias/raças, nacionalidades e gêneros. Mais recentemente tem-se discutido a importância de verificar também como as lutas pelo fim da escravidão impactaram e estiveram conectadas com as lutas dos operários.
O presente Simpósio pretende, portanto, ser um espaço propiciador e fomentador do debate sobre a importância de relacionar o pós-Abolição e a Grande Imigração na análise da formação da classe operária brasileira. Busca-se, assim, reunir pesquisadoras e pesquisadores que abordem, no referido recorte, a questão do trabalho relacionada a diversos aspectos, tais como a imigração e o trabalhador imigrante; o trabalhador negro no pós-Abolição; as formas de mobilização e organização do movimento operário, bem como a relação com a luta pela liberdade; as relações de conflito e solidariedade entre trabalhadores diversos nos espaços de trabalho e sociabilidade; a questão da interseccionalidade, etc.
ST 02
A fotografia no Brasil oitocentista: visualidades, história e memória
Iara Lis Schiavinatto (Universidade Estadual de Campinas)
Rogério Pereira de Arruda (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri)
Este Simpósio Temático tem como objetivo acolher discussões em torno da produção fotográfica no Brasil do século XIX, compreendendo-a como parte da cultura visual do período. Parte-se do pressuposto de que a invenção da fotografia impactou as maneiras de conceber o tempo, o espaço e a relação dos sujeitos com a sociedade. A fotografia inaugurou novos modos de ver, sendo, simultaneamente, causa e efeito da modernidade industrial. Ela está na origem do surgimento das imagens técnicas, aspecto que impactou os modos de produção, circulação e consumo de imagens. Neste simpósio busca-se criar um espaço de reflexão sobre as várias questões em torno da presença da fotografia na sociedade oitocentista, com especial atenção ao circuito social das imagens, às representações e às práticas. Interessa ao Simpósio Temático abrigar trabalhos que problematizem questões relacionadas à fotografia, ou seja: como forma de expressão artística e como documento; seus vínculos e interfaces com a memória e o imaginário social; seu papel na configuração das identidades sociais; seu caráter de propositora de visualidades; sua apropriação como forma de exercício da dominação; e sua condição de fonte de pesquisa em áreas como a história, a arte, a arquitetura, a política, a comunicação, a sociologia e a antropologia.
Nas primeiras décadas do século XIX, as inovações tecnológicas, consubstanciadas na invenção da fotografia, alteraram os modos de produção, circulação e recepção de imagens. Esse processo estava intrinsecamente vinculado à revolução industrial que trouxe profundas mudanças econômicas, sociais e culturais. Estabeleceram-se novos padrões produtivos, novos padrões de consumo, novos produtos. Entre eles, a fotografia possibilitou atender a uma demanda social por imagens que as formas tradicionais como a pintura e o desenho não atendiam. A nova forma de representação trouxe rapidez ao processo de produção de imagens, a sensação de exatidão, baixo custo e a possibilidade da reprodutibilidade. Tais características permitiram uma ampla apropriação e difusão da fotografia pelo mundo, levando à produção de uma grande quantidade de imagens por meio das quais podemos ter acesso a representações visuais de diferentes aspectos da sociedade oitocentista. É possível afirmar que na cultura visual do século XIX a fotografia surge em diálogo com formas tradicionais e modernas de produção de imagens, bem como cria uma cultura visual própria, marcada pelas questões técnicas e pelo modo como ela é socialmente apropriada. Sua invenção impactou as discussões em torno das definições conceituais de arte e o próprio campo artístico. O século XIX chega ao seu fim com a invenção do cinema, resultado do encontro da fotografia com as pesquisas cinéticas. Tais questões apontam para a importância da fotografia na formação da cultura visual do século XIX e justificam a criação do Simpósio Temático proposto.
ST 03
A participação do clero regular e secular em movimentos políticos de caráter liberal no longo século XIX
Eliane Cristina Deckmann Fleck (Universidade do Vale do Rio dos Sinos)
Marcia Amantino (Universidade Salgado de Oliveira)
Considerando que a quarta edição do Seminário Internacional da Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos (SEO) elegeu a temática Revoluções liberais e as Independências latino-americanas, tendo em vista a proximidade dos 200 anos da Independência do Brasil, que ocorrerão em 2022, este Simpósio Temático se propõe a reunir investigadores cujas pesquisas contemplem a discussão em torno da atuação das ordens religiosas e do clero secular nos movimentos independentistas tanto na América portuguesa, quanto na América espanhola. Pretende-se possibilitar o diálogo entre pesquisadores que têm se dedicado a esses temas através do compartilhamento de trabalhos que abarquem o assim denominado longo século XIX, que tem o ano de 1750 como marco inicial e o de 1930 como final. A participação do clero regular e secular em movimentos políticos de caráter liberal, observável já desde o século XVIII, pode ser reconstituída através das trajetórias e da produção intelectual de alguns de seus membros mais destacados. Neste sentido, interessa-nos reunir trabalhos que versem sobre o papel desempenhado, especificamente, por religiosos nos movimentos pré e pós-Independências latino-americanas desenvolvidos sob a perspectiva teórico-metodológica da História social, política, intelectual e da Igreja.
ST 04
Agricultura, ciência e meio ambiente (1750-1930)
Graciela de Souza Oliver (Universidade Federal do ABC)
Mário Roberto Ferraro (Universidade Estadual de Goiás)
Nos eventos da área, história da agricultura não tem tido o espaço que merece. Visando preencher essa lacuna, esse simpósio temático pretende agregar, numa perspectiva interdisciplinar, pesquisadores que tratem da interface entre história da agricultura, história das ciências, das técnicas e história ambiental, privilegiando a implantação da agricultura científica no século XIX e primeiras décadas do século XX. Os temas incluem armazenamento (silagens, embalagens); circulação de mercadorias e pessoas (estradas, ferrovias, navegação); irrigação e drenagem; mecanização (arados, grades, etc.) e adubação (orgânica e química); aclimatação e domesticação de animais e plantas; entomologia, botânica, zoologia e química agrícola. Estudos sobre pecuária bovina, suína, caprina, ovina, cavalar e de muares também contribuirão enriquecer o debate. Em suma, pretende-se agregar pesquisadores que estudem a transição da agricultura de ‘corte e queima’, a chamada ‘rotina agrícola’, para a agricultura científica que permitia ocupar terras devastadas pelas práticas agrícolas de então (os chamados desertos). Tanto a agricultura rotineira, quanto a científica causavam fortes impactos ambientais e estudos que abordem relação entre agricultura e meio ambiente terão seu lugar. A aplicação da ciência à agricultura exigia a formação de um homem novo, capaz de entender e aplicar os novos saberes, então houve a necessidade de implantação do ensino agrícola, tanto formal como informal, nessa perspectiva temas como escolas agrícolas, estações experimentais, casas de demonstração de máquinas fazem parte do escopo desse simpósio. Pesquisas sobre história da silvicultura, da horticultura e da jardinagem, que no final do século XIX começam a se emancipar da agronomia, a também são bem-vindas.
ST 05
As fronteiras entre escravidão e liberdade: debates em torno de seus conceitos e experiências
Lucia Helena Oliveira Silva (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-Assis)
Regina Célia Lima Xavier (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Escravidão e liberdade se revelam através de uma luz recíproca. Este simpósio objetiva refletir sobre as experiências – sociais e politicas – de escravizados e livres problematizando as dinâmicas desta relação.
O contrabando e a corrupção peculiar que marcaram as primeiras décadas do século XIX trouxeram a pauta reflexões importantes sobre a legitimidade e a própria definição de escravidão em um período em que se praticou massivamente a escravização ilegal de pessoas livres (vide inclusive os conflitos na fronteira com o Uruguai). A historiografia tem se sofisticado com debates sobre o funcionamento do tráfico ilegal, o tráfico interno, tanto quanto com estudos sobre a fragilidade da liberdade antes e depois da libertação.
O processo de emancipação vivenciado ao longo deste século, tema tradicional de nossa historiografia, tem se renovado com estudos sobre alforrias e abolicionismo, sobre as demandas por direitos sociais, as definições de trabalho escravo, compulsório e livre, as diferentes formas de resistência à opressão, entre outros aspectos.
Deste modo, torna-se mandatório repensar conjuntamente as experiências dos escravizados e dos indivíduos livres. Neste quadro, merece destaque o peso demográfico das pessoas livres na população, suas formas de acesso a terra, ao trabalho urbano, a cidadania, sem deixar de mencionar as inúmeras revoltas e os diveros tipos de associativismo nas quais estiveram envolvidos tanto no período regencial quanto posteriormente, em um período que assistiu a um forte movimento imigratório de trabalhadores brancos europeus. A importância destas experiências no período pós-abolição deve ser também considerado.
Estamos propondo neste simpósio que escravizados e livres tenham suas experiências analisadas de forma entrelaçada. São benvindos, portanto, trabalhos que além de debater as perspectivas enunciadas acima, tragam para discussão questões como as formas de organização e de associação de indivíduos livres e escravizados - sejam em suas festas, irmandades, associações profissionais ou mutualistas; seus protagonismos e formas de mobilidade social; trajetórias de vida;relação dos escravizados e livres pobres nacionais com os imigrantes europeus; as diversas formas de mestiçagem, entre tantos outros aspectos correlatos.
ST 06
As lutas pela "liberdade", política e social: o desenrolar da independência e a origem das “tropas pacificadoras” no Nordeste brasileiro
Patricia Regina Corrêa Wanzeller (Exército Brasileiro)
Teresa Cristina Piva (Universidade Veiga de Almeida)
Durante muito tempo a historiografia contrapôs a passividade do processo de independência do Brasil com a violência das demais colônias americanas de dominação espanhola. Atualmente, à luz das lutas em território baiano, que nem de longe têm o tamanho e a duração das demais, essa imagem de aparente tranquilidade dá lugar a um amplo debate sobre a crise sociopolítica gerada a partir do recrutamento de negros, pardos e libertos nas tropas do Exército Pacificador.
Esse simpósio temático pretende se debruçar sobre um ponto já debatido pelo historiador canadense Hendrik Kraay, mas ainda pouco explorado pela historiografia brasileira: as lutas de independência na região Nordeste, fundamentalmente, no estado Bahia, e todos os desdobramentos causados pelo alistamento de escravos nas tropas pelo General Pierre Labatut.
Apenas esse silêncio na historiografia já seria motivo para iniciar um trabalho de pesquisa, uma vez que nem a Força Terrestre guardou o registro histórico, a “fé de ofício”, desses soldados que simplesmente “desapareceram”. No entanto, as páginas dos periódicos O Grito da Razão e Spectador Brasileiro nos dão conta do quão se tornaria complicada a conjuntura causada por dois anos (1822-1823) de recrutamento de negros para o Exército.
Para os senhores de engenho da região, essa era uma situação no mínimo preocupante, pois a promessa de liberdade transformou-se um potencial fator de eclosão de desordem social e fugas. E terminada a guerra, como seria possível de se a “ordem”? Como resolver a situação de um batalhão formado por um número considerável de escravos? De que maneira agir sem abalar a estrutura escravocrata ao solicitar a alforria daqueles que haviam servido ao Exército (fugidos ou recrutados)?
Hendrik Kraay (2002) afirmou que o Levante do Batalhão dos Periquitos (outubro a novembro de 1824) e remoção intencional dos ex-escravos da guarnição de Salvador foram os grandes problemas deixados pelo General Labatut para o Imperador D. Pedro I e para aristocracia. É importante acrescentar ainda… O Exército teve que definir o termo “soldado” na “Ordem do Dia”.
ST 07
Atuações indígenas em tempos imperiais e republicanos na América do Sul
Karina Moreira Ribeiro da Silva e Melo (Universidade de Pernambuco)
Mariana Albuquerque Dantas (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Com a introdução de mudanças políticas e administrativas advindas com os processos de formação de Estados nacionais foram ampliadas as possibilidades de inserção e interação dos indígenas junto à sociedade oitocentista na América do Sul. Momento marcado por constantes contatos e negociações entre indígenas e as agentes do governo e que, ao contrário do estereótipo atribuído e durante algum tempo difundido pela historiografia, não foi um período de indiferença por parte das populações indígenas diante dos acontecimentos em curso, nem para a sociedade envolvente, muito menos para as autoridades imperiais e republicanas.
Diferentes estratégias foram articuladas pelos grupos indígenas para fazer frente às mudanças e aos conflitos instalados com os processos de formação dos Estados nacionais na América do Sul no XIX. Muitos povos se envolveram ativamente nas disputas, compondo grupos armados liderados por membros das elites locais ou pelos próprios indígenas. Também emitiram suas opiniões sobre projetos de governo e leis. Alguns permaneceram em aldeamentos, enquanto outros decidiram evadir-se. Muitos foram atraídos às áreas de núcleos urbanos, localidades que faziam parte das medidas para atrair, assimilar e recrutar indígenas para variados tipos de trabalho em diversos domínios no sul da América. Outros mantiveram distância das políticas oficiais preconizadas pelas autoridades, que às vezes buscavam eliminá-los através do extermínio físico.
Este Simpósio Temático tem por objetivo proporcionar um espaço para reunir pesquisadores que tenham contribuições dedicadas às histórias indígenas e nacionais ao longo do século XIX. A intenção é estimular o debate no sentido de desfazer a imagem simplista que atrela maior importância das ações indígenas e das alianças e dos conflitos com eles estabelecidos apenas no início do período colonial, bem como lançar uma perspectiva crítica sobre a percepção de os indígenas comporem um grupo social facilmente manipulável pelas elites em confronto.
ST 08
Caminhos percorridos pela educação brasileira entre o final do Império e início da República
Adriana Valentim Beaklini (Secretaria de Educação do Rio de Janeiro)
Patrícia Freitas Hinsch Frias Barbosa (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro)
O simpósio temático “Caminhos percorridos pela Educação brasileira entre o final do Império e início da República” se propõe refletir sobre a Educação como objeto histórico considerando toda sua complexidade e relacionando-a aos contextos político, econômico e cultural. Neste sentido, pretende dialogar com as diferentes pesquisas que atravessam o campo da história e da historiografia e dos processos educativos (formais ou não-formais) que tenham como balizamento temporal o final do XIX e início do XX. As transformações ocorridas em fins do oitocentos no Brasil, das quais destacamos a abolição, que liberou o restante da mão de obra escravizada, à intensificação da imigração, da migração interna, o que favorecia a expansão industrial, incrementando a oferta de mão de obra e o mercado consumidor nos centros urbanos. Dentro desse contexto, aparecem os primeiros estímulos para as organizações operárias e populares, que também possuíam sua própria visão acerca da educação. Organizados em partidos operários ou sindicatos, socialistas e anarquistas reivindicavam instrução gratuita, laica e obrigatória. Por outro lado, discussões envolvendo ensino religioso e laico perpassavam os anos iniciais da República, mas no que tangia a educação dos filhos das camadas operárias e de desvalidos as elites convergiam para a ideia de uma educação profissional, capaz não somente de adequar esses indivíduos às necessidades das recém instauradas indústrias como também de afastá-los da ociosidade, vício e crime. Outros temas pouco presentes nas discussões sobre este período são a educação feminina, a educação especial, a expansão do processo de institucionalização escolar, dentre muitos outros que marcam a virada do século XX.
ST 09
Cidadania e questão indígena no Brasil oitocentista: liberdade, propriedade, participação política e novas identidades
João Paulo Peixoto Costa (Instituto Federal do Piauí)
Vânia Maria Losada Moreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
A crise do Antigo Regime português trouxe impactos importantes para os povos indígenas no Brasil, com o aumento da produção e da liberdade econômica na colônia, intensificada com a vinda da Corte em 1808 e com emancipação política brasileira. Por sua vez, a constituição de 1824 inaugurou um período de disputas políticas e incertezas legais acerca dos direitos indígenas de liberdade, propriedade e de participação no corpo político, apenas parcialmente esclarecido ao longo do Segundo Reinado, com a promulgação do Regulamento das Missões de Catequese e Civilização dos Índios de 1845, a Lei de Terras de 1850 e um conjunto de leis agrárias complementares sobre a desamortização, parcelamento e privatização de terras indígenas. O objetivo do ST é reunir pesquisadoras e pesquisadores interessados em debater os novos desafios que indígenas, comunidades indígenas e povos independentes ou relativamente independentes tiveram que enfrentar durante o Oitocentos, dando especial destaque para a ação dos próprios índios frente à ascensão de políticas mais incisivamente liberais, assimilacionistas e nacionalizantes. São bem vindas, portanto, reflexões sobre o protagonismo indígena para manter seus territórios ancestrais, as terras de seus antigos aldeamentos e o patrimônio de suas câmaras e freguesias, bem como sobre sua participação nas revoltas liberais e populares, no processo de independência, na Guerra do Paraguai e nas milícias e Guarda Nacional, com vistas a garantir terra, liberdade, autonomia e cidadania no novo regime político.
ST 10
Economia, finanças e empresas no Brasil oitocentista
Carlos Gabriel Guimarães (Universidade Federal Fluminense)
José Augusto Ribas Miranda (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais)
Este simpósio tem por objetivo discutir recentes pesquisas sobre economia, finanças e empresas no Brasil do século XIX e inícios do século XX (1812-1913). O século XIX tem se firmado como importante ponto de partida para se compreender as estruturas econômicas e financeiras brasileiras atuais. O estudo da premência do setor agrícola e suas implicâncias sociais e políticas bem como os debates sobre industrialização e desindustrialização nos séculos XX e XXI são beneficiados pelo estudo da trajetória da economia brasileira entre o fim do período colonial e a proclamação da república. O estabelecimento de um mercado interno brasileiro e suas articulações com as cadeias mercantis globais, bem como o papel de empresas, empresários e grupos econômicos também são de grande importância para se compreender as desigualdades e polos de desenvolvimento econômico brasileiro atual. Também o surgimento e amadurecimento do setor financeiro no século XIX será discutido, bem como as finanças públicas do Brasil imperial e republicano. O Simpósio também abrirá espaço para discussão de ideias econômicas Brasil oitocentista: metalistas e papelistas debatiam os melhores caminhos para a política monetária brasileira durante o Império, enquanto conservadores e liberais discutiam o papel do Estado na promoção do mercado de capitais doméstico. Assim, este simpósio receberá trabalhos sobre economia agrária, industrialização, inserção do Brasil na economia internacional, cadeias mercantis globais, mercado interno, finanças e mercado financeiro, história de empresas, empresários e grupos econômicos e outros temas de relevo para o estudo da história econômica financeira e empresarial do Brasil no século XIX.
ST 11
Entre a província e a Corte: discutindo a construção do Estado e da Nação no Império do Brasil
Alexandre Mansur Barata (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Renata Silva Fernandes (Universidade Federal de São Paulo)
Os dois lados do atlântico, entre finais do século XVIII e princípios do século XIX, vivenciaram uma conturbada conjuntura revolucionária. Entre as muitas revoluções, situam-se os processos de emancipação política da América Ibérica, incluindo-se, entre eles, o do Brasil, que tiveram como um de seus desdobramentos a conformação de um novo tipo de governabilidade: a dos Estados Nacionais. O século XIX é, portanto, o século, por excelência, em que Estado e Nação, nas acepções modernas desses termos, se vincularam na constituição e desenvolvimento das novas unidades soberanas oriundas dos processos que resultaram na separação entre os domínios ultramarinos americanos e suas mães-pátrias. Nessa perspectiva, esse Simpósio Temático busca reunir pesquisas que analisem o processo de formação do Estado e da Nação no Brasil ao longo do século XIX, temática que nos últimos anos tem sido renovada por uma produção historiográfica que, ao se contrapor às interpretações românticas produzidas desde o século XIX, busca privilegiar as dinâmicas políticas das diversas províncias que compunham o Império do Brasil e apontar para a necessidade de se pensar que a unidade e a construção do Estado foram possíveis graças a um arranjo político-institucional resultante dos embates e negociações entre as várias elites locais e/ou regionais que deveriam integrar a nova nação. Tendo em vista a amplitude das possibilidades de abordagem apresentada por essa temática central, busca-se, sobretudo, discutir como as instituições monárquicas alcançaram força e legitimidade para unificar o território, tendo em conta a multiplicidade de interesses e projetos políticos dada, inclusive, pela heterogeneidade da sociedade brasileira Oitocentista.
ST 12
Imprensa e cidadania entre o Império e a República: projetos de modernidade e estratégias de inclusão na cidade do Rio de Janeiro
Karla Carloni (Universidade Federal Fluminense)
Andrea Casa Nova Maia (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
No final do século XIX a imprensa escrita da cidade do Rio de Janeiro passou por significativo processo de expansão reafirmando-se como importante espaço de debate a respeito do futuro da jovem nação que enfrentava as heranças do passado colonial. Também serviu de espaço para grupos como feministas, trabalhadores, artistas e negros reivindicarem a ampliação do exercício da cidadania e transgredirem os limites das relações de poder. Era grande o número de títulos em circulação que com linguagens variadas atingiam públicos bastante heterogêneos.
O Simpósio Temático tem por objetivo reunir pesquisadores que estudam os periódicos cariocas com a intenção de identificar projetos de cidadania e estratégias cotidianas de inserção social de diferentes grupos na nova ordem republicana. Destacamos a permanência e a ressignificação de ideias e práticas originadas ainda no regime imperial e chamamos atenção para a necessidade de articulação entre aspectos como origem social, gênero, cor, opção política e religião. Igualmente salientamos a importância de um olhar combinado entre os conteúdos e os processos de produção, circulação e consumo das publicações.
Atualmente nos arquivos os historiadores se deparam com um rico manancial de textos escritos e imagéticos nas páginas polifônicas dos mais variados periódicos publicados nas últimas décadas do século XIX e início do XX. Como a historiografia já sinalizou, os impressos devem ser tratados ao mesmo tempo como fonte e objeto de estudo e têm o potencial de revelar discursos e práticas das elites letradas, mas, igualmente, expor identidades e demandas de grupos subalternos que se encontram à margem da ordem social. Podemos ter acesso a estes sujeitos por meio de suas próprias publicações ou, de forma indireta, a partir do momento que foram objeto de crítica nas páginas das publicações.
A análise dos impressos em diálogo com campos de pesquisa e concepções teóricas e metodológicas variadas, como os Estudos Culturais, os Estudos de Gêneros, a História das Mulheres, a História do Cotidiano, o estudo das Culturas Políticas e a História Visual, tem o potencial de revelar dinâmicas sociais ainda pouco compreendidas. Contribuindo, desta forma, para a renovação historiográfica e a superação de narrativas que limitam a experiência da Primeira República ao domínio oligárquico.
ST 13
Imprensa e impressos na construção do Estado Imperial brasileiro
Camila Borges da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Gladys Sabina Ribeiro (Universidade Federal Fluminense)
O processo de independência no Brasil se deu mediante a emergência do debate político na chamada “esfera pública”, o que foi possível devido à eclosãodo movimento vintista em Portugal. Este, derrubando a censura, permitiu a proliferação de inúmeros escritos, fossem jornais ou panfletos, que se dispuseram a disseminar ideias políticas com o intuito de reformar ou “regenerar” o Estado português. Desse modo, foi erigida uma nova cultura política, marcada pelo constitucionalismo e pelas ideias liberais. A despeito das tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa após o desligamento de Portugal por parte do centro político localizado no Centro-Sul do Brasil, os impressos e a imprensa continuaram a florescer, embora com idas e vindas, colocando-se como atores importantes no encaminhamento do novo Estado que se construía. O objetivo do Simpósio é fornecer um espaço de reflexão e debate sobre o papel dos impressos no processo de construção do Estado brasileiro, de forma que se possa pensar os caminhos apontados pelos sujeitos da época e também analisar os projetos vitoriosos e derrotados nessa empreitada.
Ao longo das últimas décadas, inúmeros estudos sobre a imprensa e os impressos em geral foram realizados no interior de programas de pós-graduação em História, de modo que hoje se tem consolidado um amplo campo de análise envolvendo esse tipo de fonte, seja como objeto central de estudo, seja como meio para análise de outra temática. Com o avanço dos estudos políticos e a aproximação dos 200 anos da independência do Brasil, é de extrema importância a retomada do debate sobre o assunto, seja para consolidar abordagens, seja para apontarmos para novos caminhos de análise.
ST 14
Mulheres, história e resistências no Brasil oitocentista
Jailton Alves de Oliveira (Universidade Federal do Espírito Santo)
Jhoana Gregoria Prada Merchán (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
A comunidade científica tem sido cada vez agraciada com resultados de trabalhos comprobatórios da participação efetiva das mulheres em âmbitos variados, tais como economia, direito, política, educação, religião, esporte, entre outros tantos. Movimento que faz perceber a participação ativa delas, seja produzindo acontecimentos, subvertendo diretrizes ou mesmo resistindo. Portanto, seres protagonistas e não espectadoras da história. Ademais, o surgimento de abordagens novas tem contribuído para o alargamento dos estudos, análises, fomento de novas perspectivas, utilização de fontes originais e diversas e um diálogo interdisciplinar. Ao direcionarmos as lentes para vários tópicos da História dasmulheres,que incluem uma variedade de perspectivas sobre temas que vão desde a família, trabalho, honra até o crime, verificamos também um extenso movimento feminino nesses espaços. Focalizando especificamente o Oitocentos, produzidos majoritariamente pelo masculino, os registros que nos chegam são de sujeitos femininos imbricados com jogos de saber e poder. Mesmo rarefeitas, encontradas em documentos diversos, superando as poeiras e traças de arquivos, as “vozes” femininas disponibilizadas contribuem para a percepção de que proporcionaram caminhos e descaminhos. Mas, mesmo com todos esses chamados, ainda há muito a ser feito para que a invisibilidade feminina se torne menos presente. Dessa forma, este Simpósio Temático objetiva reunir pesquisadores e pesquisadoras de áreas diversas que contemplem estudos envolvidos nesta área, possibilitando, assim, ser um espaço de diálogo, divulgação de resultados, amplificação desses, bem como a troca de experiências. Nesse sentido, o que nos interessa são trabalhos que se distanciem do coitadismo feminino, patriarcalismo opressor x mulheres oprimidas, entre outros, e apresentem pesquisas onde, a partir de ações e tensões, possamos perceber a presença delas agindo na sociedade onde viveram, a despeito de fatores socioeconômicos. São propostas que deverão ser acompanhadas de rigor teórico-metodológico.
ST 15
Para além de senhores e escravos: o complexo mundo do trabalho no Brasil do século XIX
André Roberto de Arruda Machado (Universidade Federal de São Paulo)
Fabiane Popinigis (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Não há dúvidas de que o trabalho de mulheres e homens escravizados originários ou descendentes da África era predominante no Brasil do século XIX. No entanto, o imaginário sobre este período, bem como parte significativa da historiografia, construiu a ideia de quase exclusividade dessa modalidade de trabalho. Longe de ser uma excentricidade historiográfica, ela dialoga com uma perspectiva internacional que ainda enxerga o século XIX como o momento de ascensão do trabalho livre e assalariado. A escravidão seria o seu único contraponto, a herança de um mundo decadente e prestes a desaparecer.
Em linha diversa, esse simpósio temático pretende dar espaço para a discussão sobre as várias modalidades de trabalho coexistentes no Brasil do século XIX, ao longo do qual ocorreu uma diversificação das formas de exploração do trabalho. Neste simpósio, são muito bem vindas pesquisas que estejam centradas nos escravizados originários ou descendentes da África, bem como de indígenas. Mas, igualmente, desejamos contemplar investigações que joguem luz sobre diversas formas compulsórias de trabalho de homens e mulheres livres que alcançavam forros, indígenas e até mulheres e homens brancos. O trabalho (dito) livre (ou juridicamente livre), inclusive o oriundo de imigrantes, sob diversas formas contratuais também é alvo desse simpósio.
Assim, interessa-nos também o debate conceitual sobre as formas de trabalho no século XIX. As fronteiras sobre os significados do que era caracterizado como trabalho, em suas diversas formas de exploração - livre e não livre, forçado, compulsório e dependente, são temas importantes. Apesar do foco no Brasil do século XIX, proposto no congresso encorajamos os participantes a estabelecerem conexões entre a realidade brasileira e a das Américas, ou mesmo uma perspectiva global.
ST 16
Religiões, religiosidades, poderes e política no Oitocentos
Fernando Arthur de Freitas Neves (Universidade Federal do Pará)
Ítalo Domingos Santirocchi (Universidade Federal do Maranhão)
Entre uma religião oficial e práticas oficiosas, além dos intercursos com outras religiões e religiosidades, o Brasil oitocentista é um rico campo de pesquisa a ser explorado. Se o Padroado Régio havia legado um arcabouço jurídico à primeira constituição brasileira, nem por isso outras tradições deixaram de exercer sua influência sobre o modo desse encontro com religiões e religiosidades. O protestantismo histórico para além das tentativas de fundação de igrejas, também foi desafiado em seus pressupostos de conferir uma religião racional nos trópicos. A imigração de judeus, embora confrontados pelo antissemitismo aqui instalou sua semeadura. As religiosidades de indígenas seguiram sua sanha ao lado da afirmação de seus territórios constantemente ameaçados pelo sequestro de sua cosmovisão e ecologia conforme aumentavam as invasões, embora instilando sub-repticiamente um conjunto de crenças que se tornaram paralelos da religião oficial. Dramaticamente, as religiões de matriz africana suportaram as seguidas investidas do catolicismo, fazendo adaptações possíveis para não perderem liga com seu mundo ancestral. Sob o signo da modernidade, o catolicismo institucional propunha sua própria visão de modernização para concorrer com formas liberais, tradicionais e populares, algumas delas já bastante arraigadas no tecido cultural desde o Período Colonial, bem como as relações estado/igreja mostravam os limites de uma religião oficial com seus privilégios e limitações. Como esse universo religioso, nas suas variantes, esteve presente nas leis, como se relacionou, foi apropriado ou se apropriou da esfera política, institucional, social e da imprensa? Quais as conexões com outros países ou movimentos ditos universais? Como se deu a expansão ou resistência de outras religiões em concorrência ao monopólio da igreja católica que estava firmemente constituído? Como se deu o processo de secularização e laicização do estado? Esse contexto oferece uma oportunidade para discutirmos o campo das religiões e religiosidades nas suas relações com a política e os diferentes poderes presentes no oitocentos.
ST 17
Saúde e doença no Brasil do Oitocentos
Silvio Cezar de Souza Lima (Universidade Federal Fluminense)
Tânia Salgado Pimenta (Fundação Oswaldo Cruz)
Esse Simpósio tem o objetivo de reunir trabalhos que abordem a temática da saúde, doenças, medicina e práticas de curar no Brasil do longo século XIX. Pesquisas recentes sobre diversos contextos têm demonstrado a circularidade de concepções e práticas de cura, por um lado, e especificidades de grupos sociais em relação a como lidavam com doenças e o quanto eram atingidos por elas, por outro lado.
Dentro da temática proposta, epidemias são um mote interessante para analisar a sociedade em tela. Epidemias, por definição, atingem muitas pessoas ao mesmo tempo em determinado espaço, contudo, certamente, grupos sociais subalternos sofrem mais as suas consequências. Desse modo, pesquisas sobre problemas de desabastecimento de produtos, desestabilização de senzalas, mobilização de médicos em torno das causas de epidemias, pressões sobre as autoridades públicas para responderem a esses eventos ajudam a compreender como a sociedade brasileira tem lidado com essas crises que nos assolam com frequência.
No Brasil, foi no século XIX que a medicina se consolidou como campo científico autônomo. Neste período registramos o surgimento de academias e sociedades de medicina e do ensino médico superior na corte imperial e em algumas províncias. Este processo de construção da medicina aconteceu entre grandes tensionamentos com as práticas populares de cura e novas percepções sobre a medicina como a homeopatia. Desta forma, a construção da profissão médica, as resistências das práticas populares de cura, o trabalho das parteiras e homeopatas também são temas importantes de pesquisa sobre saúde e doença no Brasil do Oitocentos.
Entre as questões contempladas, destacam-se ainda temas relacionados à escravidão, característica fundamental na forma como a sociedade brasileira oitocentista alicerçou sua produção e suas relações sociais. Portanto, práticas de cura de escravizados e seus descendentes e doenças que mais os atingiam, assim como assistência e pensamento médicos voltados para essas pessoas constituem importantes tópicos a serem debatidos.
ST 18
Sociedade e política no Brasil oitocentista
Cristiano Luís Christillino (Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Estadual da Paraíba)
Vitória Fernanda Schettini (Universidade Salgado de Oliveira)
Este Simpósio visa criar um espaço amplo para o debate de questões relacionadas às interfaces entre sociedade, poder e culturas políticas, a partir de perspectivas teórico-metodológicas que focalizem as rupturas, as permanências, as simultaneidades, os antagonismos e as ambivalências historicamente tecidas nas múltiplas formas de relações sociais entre as elites e as camadas populares no Brasil durante o século XIX, nas mais diversas dimensões de envolvimentos do poder e seus reflexos na sociedade e na economia. A proposta tem por objetivo analisar esses temas apresentados na inserção da esfera micro na dimensão macro, as atualizações e ressignificações do local e do regional diante das injunções produzidas pela dinâmica do global, como também apreender os processos e as tramas que singularizam as histórias do local e regional, e o espaço de negociação estabelecido pelos seus atores sociais instituídos nacionalmente. Serão bem vindos temas relacionados às práticas políticas, a cultura do clientelismo, a organização social e econômica, o perfil familiar de livres e pobres em meio ao universo escravista, as questões sobre a posse da terra, inscritos tanto no campo como na cidade. O Simpósio aqui apresentado visa abrir um espaço de debate para pesquisadores que abordam esta temática no Brasil ao longo do século XIX a fim de buscar seus significados, seus enfrentamentos cotidianos, gerados por uma série de necessidades objetivas, expectativas, anseios e frustrações. Para minimizar tais enfrentamentos, são criadas estratégias sociais e políticas a fim de permitir a coesão e a solidariedade entre os grupos. Este referencial em torno do político permite uma análise mais ampla da esfera política do Brasil. As pesquisas em torno destas temáticas têm aumentado nos programas de pós-graduações em História e o ST: Sociedade e Política no Brasil Oitocentista viabilizará um importante número de discussões em torno desta mesma produção.
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